14.10.24

Dá-me um instante que eu possa nunca mais lembrar. Tenho o coração atulhado de coisas inesquecíveis, o passado é tão feliz que o presente se condena a perder sempre. Dá-me um instante que pouco importe mas, espera, não tão pouco assim pois então eu acabaria a lembrá-lo pela inutilidade. Um instante que seja transitório e estéril como um vento breve, sem causa ou consequência, que não lance sementes nem deixe destroços, que seja tudo e o seu oposto, que se esgote, se anule e enterre, como um empréstimo que nos salvou a vida mas que, depois de pago, é como se nunca tivesse existido.