Vade retro o beijo que se dá por dar, o beijo distraído, cerimonioso, etiquetado, afetado, que vai em cantigas de circunstância, o que se dá à troca por rebuçados, o que se presta a desconhecidos e é desbaratado em apresentações, o que se deixa usar sem cuidado e consciência ou se posta em faces que não o pediram nem querem, por demais prolongado e lambuzado. Vade retro o beijo fútil, o oportunista, o comercial, o de oca e despachada simpatia, o que tem tique social – ora um ora dois, consoante o estilo e a proveniência. E vade retro o de judas.
Abençoado o beijo seletivo, que entre rostos ou bocas transporta sentimento verdadeiro e correspondido, que se dá com intenção e cumplicidade, mesmo que ligeiro e com pressa. Só para esse, felizmente, sobrou lugar depois deste solavanco no mundo.