A propósito da vacinação anti-covid – oh, como chego sempre tarde! –, tenho dificuldade em hierarquizar o grau de toxicidade dos negacionistas e dos evangelizadores, decidir quais entre ambos indiciam mais insanidade e representam maior dano. Envergonha-me o nível das ofensas dos dois lados da barricada, é um jogo de esgrima fraco, de lâminas rombas, infantilóide e em desespero. A acefalia não está indexada a ideologias em concreto e o mundo parece tão absurdamente desajeitado quando falam os que fanaticamente recusam como os que devotamente cumprem. Uns vestidos de rebeldes, outros com a farda de moralistas, monopolizam as conversas, os tempos de antena, os artigos de opinião, debitam insultos, sátiras, papers e assim se serve o grande banquete do entretenimento, antecâmara da política e, neste caso, cemitério da Ciência.