Desconfio sempre de quem se mete a definir o amor e porque o vive ou viveu, nele se arruinou ou se salvou, atribui-lhe um alfabeto linear e organiza-o com suposições universais, julgando ter desvendado todos os seus segredos e propósitos e sobre isso criando máximas, filosofias, teoremas, carapuças de tamanho único e o mais que vale tanto como um sopro do vento. Sou avessa a definições. E, acima da definição, aborrece-me quem define. Eu, nem que quisesse teria como dar verbo aos magníficos lugares onde vi o amor chegar. E só um grande desentendimento do mundo poderia fazer-me supor que o que vale para mim vale para todas as almas em todas as camas e todas as casas de todos os tempos.