Antes de entrar na água, o mais velho respira fundo e pede-me que invista todos os meus pensamentos na sua proteção. É claro que sim, não tenho feito outra coisa, diz-me que outra coisa tenho feito nos últimos dezoito anos da minha vida? E se algum dia, meu rapaz voador, meu homenzinho, se algum dia por tua causa eu sofrer mais do que a conta e não me bastar o escudo, a carapaça, o talento para a acrobacia e até para o faz de conta, por mim nada farei, mas que te castiguem os deuses trazendo-te de volta ao mundo num corpo de mulher, fazendo-te um filho e obrigando o teu coração a passar os dias para trás e para diante sobre um fio de arame nas alturas.