Ah, a minha avó gostava dos bons rapazes. Parece que estou a ouvi-la a dizer, agradada, quase derretida, gosto muito de fulano, parece ser tão bom rapaz. Referia-se sempre a homens moderados, incapazes de uma desobediência, respeitadores absolutos de todas as formas de soberania, ordeiros, nunca um murro na mesa, nunca uma porta batida, jamais uma verdade que desarrumasse muito. Os bons rapazes sabem onde devem estar, quando devem falar, como devem ser prestáveis. Gentis com as senhoras, de trato fácil com os cavalheiros, disponíveis no trabalho. Haverá mais conveniente do que isto? E se alguém, por um acaso improvável, os ouvir levantar a voz é para dizer, tomados de muita razão, eu não admito a sicrano que me faça tal coisa. Mas admitem, por não terem alternativa ou por ela custar demasiado para a bolsa empobrecida da sua coragem.
Eram esses, os bons rapazes, os que garantiam um bom casamento, dizia a minha avó com o espírito cheio de temores e o coração embalado pelo romantismo simples das telenovelas.