24.2.20

Admiro aqueles raros, raríssimos, que conseguem escrever publicamente sobre os mortos sem meterem o próprio ego à frente no caminho. A generalidade das homenagens é precedida de uma prova de velha amizade ou relato de alguma experiência comum, uma reunião, um jantarinho, um projeto. Às primeiras linhas estoira logo um eu, nas mais das vezes travestido com falsos tiques de  humildade. Impressiona mesmo: ninguém tem tantos, tão leais e expressivos amigos e discípulos como um cadáver.