Admiro
aqueles raros, raríssimos, que conseguem escrever publicamente sobre os
mortos sem meterem o próprio ego à frente no caminho. A generalidade das
homenagens é precedida de uma prova de velha amizade ou relato de alguma
experiência comum, uma reunião, um jantarinho, um projeto. Às primeiras
linhas estoira logo um eu, nas mais das vezes travestido com falsos
tiques de humildade. Impressiona mesmo: ninguém tem tantos, tão leais e
expressivos amigos e discípulos como um cadáver.