22.1.20

Quando descobrem que ao dizer qualquer um pode errar, somos todos humanos são-lhes perdoadas as faltas sem atribuição de castigo, coima ou consequência, certas pessoas embarcam comodamente no vício do erro e da desresponsabilização. Igual lógica tem aquele que, sob o falso pretexto da frontalidade, diz o que quer a quem lhe dá na gana e sem modéstia para se desculpar pelo que mal disse, sai-se com um estava a brincar, que falta de sentido de humor. E há o outro, pouco vocacionado para atos de nobreza ou generosidade, que sacode a água do capote a dizer a vida é injusta, como se as suas deficiências de ética decorressem de um propósito universal, atávico e de sentido obrigatório. Enfim, a eloquência dos miseráveis tem uma certa linearidade e socorre-se nas mesmas muletas. Bom, isso é tudo muito relativo, responder-me-á, sem real noção da verdade que diz, aquele que por via das dúvidas quer manter um bom entendimento comigo, com Deus e com o Diabo.