4.8.21

Nas cidades vazias de agosto pode conduzir-se de um extremo ao outro sem resistência, no tempo de uma ou duas músicas. O que sobra do êxodo, o que é abandonado e fica a piscar nos semáforos, a remoinhar na sarjeta, a empoeirar as soleiras das casas trancadas, é incorpóreo, paira mas não se opõe. Porque destoam do colorido das bagagens, minam a vibração da mudança, poluem os sonos dóceis do estio, os fantasmas são deixados para trás e ficam só a dar corda aos relógios, para que ninguém jamais se distraia da hora de voltar.