14.9.20

Gastei boa parte do fim de semana a ler os planos de contingência de estabelecimentos de ensino. Esforço-me por ser uma boa mãe e cooperar com o sistema, mas quase sempre embato com dor contra a generalidade das condições, dos métodos, das prioridades, das competências, pouco me importando quem governa porque o mal é de pensamento estrutural e não de conjunturas, partidos ou mandatos. Este ano, a pandemia vem aumentar o prejuízo e a fatura é sempre entregue à porta dos inocentes. Conselho amigo lembra-me que não haverá sofrimento de maior porque os miúdos habituam-se a tudo num instante, também hão de habituar-se a circular como gado, a não emprestar os seus livros e lápis, a não dizer segredos, a evitar paixões desnecessárias e fugazes, a dominar movimentos por instinto, raiva ou desejo. Mas isto, ao invés de consolar-me, agrava o meu desassossego. Eu não quero os meus filhos habituados, nem a isto nem a coisa alguma. Criei-os para que vivessem despertos, lúcidos, corajosos e inteiros e investi muito para que jamais confundissem a cooperação e o respeito com a obediência. Mas se o cenário é este e se o futuro não aparenta ser outro, o mais provável é que eu tenha cometido um erro.