Para não macular a calça branca de prega, apropriada ao usufruto do pôr-do-sol em zona chique, a rapariga manda ao filho que projete bem os quadris adiante. Aflito para se aliviar e com fraco domínio da ferramenta que segura entre os deditos, o petiz procura direcionar o jato de urina de maneira a não ir contra o vento nem contra as advertências da mãe. Está na beira do passadiço, tem a metade dos pezinhos já sobre o vazio, o ímpeto desgovernado de uma cascata a sair-lhe do corpo e o sermão a martelar-lhe os ouvidos – que lindo se vestiu hoje o meu príncipe, não se suje, por amor de Deus, chegue-se mais para a frente. Na ânsia de lhe salvar o traje, é a própria mãe que o empurra mais um bocadinho em direção ao desastre. E bem antes do alívio completo, o menino esbardalha-se, de braços abertos e rabinho ao léu, no charco abundante da sua urina. Envergonhada, a mamã levanta-o à bruta por um braço e sai a correr. Já não é hoje que apresenta o filho a preceito nos teatros lotados de agosto.