Afinal é avenida ou alameda? perguntaram-me, a tirar satisfações acerca do mapa deste blog, porque ora falo numa, ora noutra. Não é erro, tenho ambas: uma avenida e uma alameda. Também tenho, como sabe há muito quem por aqui circula, uma praceta, uma rotunda, uma marginal, uma rua que sobe para norte e desce para sul, além de um pão quente, uma papelaria, um cabeleireiro, um mercado, uma paragem de autocarro, um elevador, um altar a Buda. Houve em tempos um lavadouro público, um prado, um tasco que expulsava bêbados às dez da manhã. Vulgaridades, nada a fazer, o mundo repete-se em cada quarteirão como em cada blog, ainda que mudem as formas, o estilo e a voz da sua expressão e por mais que outros nomes se inventem para o que outra coisa não é.
E este mapa, por onde o meu quotidiano deixa pegadas, cumprimentos, moedas e considerações – e que é real nas suas artérias, curvas e vistas – basta-me, porque nele vejo tudo o que me importa dizer. Se eu quisesse saber e contar mais, oh, teria de forçar fechaduras, abrir camas, farejar lençóis, vasculhar telefones, meter as mãos no lixo, violar correspondência. Mas aí só se chega com muita ousadia ou muita imaginação, dons que os astros raramente concedem aos filhos do solstício de inverno.