Hoje sim, todos os nós da VCI finalmente desatados. E à
porta da escola secundária, uma adolescente quase em lágrimas, para a
amiga: como é que eu vou aguentar, se não fui feita para estar em casa... A outra responde liga-me quando quiseres, eu estou sempre contigo,
mas o abraço que de forma tão perfeita remataria a conversa está proibido.
Mais de um metro as separa, os olhos líquidos, as bocas trémulas, os
ombros descaídos. Passo por elas com a cabeça baixa, talvez seja a
vergonha pela parte que me toca, pelas décadas serenas que tenho vivido,
pela paz, pela pedra, pela rede, por tudo o que era seguro e com um
nada se esboroa, por tudo o que confortavelmente se comprou e vendeu,
fez e desfez, atou e desatou, casou e descasou, investiu e empenhou,
usou e descartou, sem acautelar nenhum deslize, nenhuma fraqueza, nenhum
inferno. Pelo que lhes ensinámos e afinal era mentira.