Uma opinião parte sempre de uma crença. Quando contestamos alguém, diminuindo a pertinência e o valor daquilo em que acredita, estamos só a impor outra crença que, por ser nossa, parece ter contornos mais firmes, mais factuais, mais ajustados ao real. Eu também tenho a minha crença e dela, somente dela, vem a minha opinião a respeito da eutanásia. Não a vendo como universal, não a imponho a ninguém, pois não está escrita em lado algum nem me foi sussurrada por vozes do firmamento. A minha crença é naquilo que vivi e todos os dias a memória me devolve. Tem a mesma solidez, teimosia, valor e objetividade de qualquer outra. E não mudou desde a última vez que aqui a partilhei:
Qualquer
um que já se tenha visto na iminência de, com as próprias mãos, dar o
golpe de misericórdia, sabe que a voz do médico, do juiz e do padre são
ciência vaga, sentença inválida, moral sem aplicação. Direitos? Deveres?
Liberdades? Juramentos? Não há cartilha ou lei fundamental que não
possam ser esmagadas quando um deus maior e mais urgente é revelado nos
olhos de quem se ama.
(post de março de 2017)