– Então fazes tenções de continuar sozinha? Por acaso julgas que vai haver sempre homens a cair-te aos pés, que essa carinha laroca não enruga como as outras, que podes viver de paixonetas aqui e acolá sem te cansares? Se não aproveitas enquanto és nova, se não arranjas já um homem que te ponha feliz, que te dê segurança a ti e afeto à tua filha, azedas como o leite antes de chegares à minha idade.
– Quero voltar a estudar, mãe.
– Valha-te Deus, que essa cabecinha não para, rapariga. Atrás de uma tolice tem de vir logo outra.
– Quero ter a minha vida, há mal?
– Já tens a vida em que te meteste por seres parva. Agora devias era assentar.
– Assentar, sim. Enterrar-me é que não, mãe.
Separam-se mãe e filha na esquina, nenhuma delas dá por mim que vou atrás. A mãe atravessa a rua para a paragem do autocarro. A filha tira as chaves da carteira e, com dois abanões vigorosos, abre o gradeamento de segurança da papelaria.
Separam-se mãe e filha na esquina, nenhuma delas dá por mim que vou atrás. A mãe atravessa a rua para a paragem do autocarro. A filha tira as chaves da carteira e, com dois abanões vigorosos, abre o gradeamento de segurança da papelaria.