12.2.21

Não há órgão que tão rapidamente vicie na preguiça como o cérebro. É dar-lhe dois ou três dias de facilidades, poupá-lo a cálculos e construções, perdoar-lhe atalhos verbais e frases cujos complementos o bom entendedor faça o jeito de adivinhar, e ei-lo, encolhido na caixa craniana, sem ganas de ir além, comendo o que de digestão ligeira lhe levarem e que, de qualquer modo, para o gasto também chega. Não lhe peçam favores, receitas, soluções. Menos ainda argumentos. A certa altura, o tontinho há de preferir mudar de opinião ao trabalho de sustentar aquilo em que acredita.