Soa-me estranha essa maneira romantizada, eufemística, de tratar os mortos dizendo que desapareceram, partiram ou já não estão entre nós – sei lá eu se estão e apenas não tenho olhos de os ver! Uns, apavorados da própria finitude, talvez creiam que o que não é nomeado não é invocado. Para outros, ignorar a ideia substantiva da morte e o seu par de sílabas concretas pode ser a única forma de lhe recusar o exercício de autoridade sobre os Homens. O que nos é impossível dominar com a ciência, o dinheiro ou a violência, forjamos pela via do verbo.