O que mais assusta quando se apanha o vírus que anda nas bocas do mundo – e eu apanhei-o já duas vezes – é aquela pergunta que poucos conseguem calar e que disparam antes mesmo de indagarem sobre o nosso bem-estar: "e sabes quem te contagiou?". Que triste. A doença maior, a que verdadeiramente tem dado cabo de nós nos últimos dois anos, a que permite à nossa desumanidade continuar viva nos subterrâneos do civismo e da caridade, é essa: a fome de descobrir todos os dias alguém a quem chamar de irresponsável e ignorante, alguém a quem diminuir para supormos em nós a elevação que não temos.