27.7.21

Não havendo reviravolta ou imprevisto, é em setembro que Joaquim e a mãe abalam para viver em Penedono. Como os Pereira são desses que gastam o tempo do luto a maldizer a morte, negam-se à conciliação com o inevitável e a cada dia fecham mais o riso, inflamam mais a ferida, cavam mais o fosso. Que tortura imaginar o neto nas rotinas provincianas, sujeito a mil descuidos e doenças, sempre com odor de fumeiro nos cabelinhos, e – pior – que escola, que aprendizagens, que tipo de amigos terá? Ah, tão míseras as ambições que a imperatriz tem para Joaquim mas tão vasta a arrogância com que põe e dispõe dele.
– Ela julga o quê? Que lá por ser mãe o menino lhe pertence?
Pobre senhor Pereira, sempre mais perto da verdade do que supõe. Estou solidária com a sua perda, mas lembre-se do que ensinam os que desde sempre vivem em territórios de disputas e conflitos: quem domina a nascente domina o rio.