Agora que as árvores da alameda começaram a florir, vejo pela primeira vez a mulher do senhor Pereira a passear sem urgência e com as netas pela mão. Embora tenham crescido muito, as meninas exemplares continuam desengraçadas, com olhos de animal de pasto, sem cintilação nem curiosidade, mas capazes daquela arrogância defensiva com que certas crianças dão sinal evidente do erro cometido na sua educação. No encontro, ao qual não tenho como fugir, gabo-as por cortesia, digo que estão quase umas mulheres. E logo a avó, ajeitando os fios rebeldes do cabelo das meninas, corrige: não, estão é umas senhorinhas, é o que é, como se mulher fosse um erro de sintaxe, uma indignidade na gramática familiar dos Pereira.