Não ter televisão nem perfil nas redes sociais torna-me beneficiária dos esforços e da piedosa atenção de muita gente. Há uns anos, um rapaz de uma operadora perguntou-me se eu não gostaria de conhecer o incrível privilégio de me estender no sofá ao fim do dia a ver umas noticiazinhas ou um programazinho de entretenimento, sem pensar em mais nada. Fiquei sem fala. Para muitos, aderir, estar e ter são direitos que só por ignorância não se aproveitam. Supõem-me uma retardada, mas é recíproco. Porque para mim, precioso e consciente é o direito de recusar.