Corroborando a ideia de que a beleza e a tragédia estão destinadas uma à outra, Isabela adoeceu de um mistério qualquer. Espalhou-se por todas as partes do seu corpo uma substância pegajosa sem cor nem cheiro, algumas flores definharam e nas que sobrevivem há pintas pretas e alaranjadas, que também apareceram na borda das folhas. Afastei-a do tamborete e das plantas próximas e pedi ao auxílio ao google. Em vão. Também no mundo das plantas a sabedoria é um universo de lugares ambíguos, cinzentos, onde a verdade tem faces antagónicas e tantas vezes se assemelham os indícios da morte e da vida, da doença e da regeneração, do veneno e da purga. E como é difícil, entre os resultados, distinguir os sábios dos manhosos e os que estudam dos que copiam!
Mesmo imaginando que, por parecer enjoadinha, afetada e elitista, Isabela nunca terá colhido a simpatia dos leitores, arrisco vir aqui pedir ajuda, certa de que os bons sentimentos predominam sobre os partidos tomados em velhas batalhas. Sei também que quem conhece as curas para o sofrimento alheio – ainda que seja só de uma flor – é sempre dotado de coração bastante para não virar as costas sequer a uma lágrima silenciosa, quero eu dizer, a umas pintas mofentas.
Isabela agradece desde já o que para a sua salvação for sugerido pela via do endereço de e-mail que está sempre no fundo desta página.